A maternidade contemporânea é marcada por uma complexa teia de responsabilidades que recaem sobre as mulheres, apesar das décadas de luta por igualdade de gênero. No entanto, o mito da mãe malabarista, como explorado por Amanda Watson em "The Juggling Mother: Coming Undone in the Age of Anxiety," lança luz sobre a realidade muitas vezes desafiadora enfrentada por mulheres que buscam equilibrar carreira e vida familiar.
A Mãe Malabarista: Desvendando o Conceito
O termo "mãe malabarista" refere-se à mulher que não apenas desempenha múltiplos papéis, mas o faz com uma carga de boas ações. Ela não apenas se destaca como uma profissional dedicada, buscando avançar em sua carreira, mas também se esforça para garantir o sucesso financeiro e a felicidade de seus filhos. A malabarista não é apenas ocupada; ela é ocupada de maneira a demonstrar sua produtividade tanto como trabalhadora eficiente quanto como mãe devotada.
O Dever Afetivo: Responsabilidade Emocional das Mães
A obra de Watson introduz o conceito de "dever afetivo," que representa a responsabilidade emocional das mães em manter suas famílias otimistas diante de futuros altamente incertos. Esta responsabilidade, muitas vezes não reconhecida, atua como uma cola que mantém as mulheres ligadas a uma carga desproporcional de trabalho, delineando a vida emocional da maternidade nos tempos atuais.
Expectativas na Sociedade Ocidental: Uma Reflexão
A sociedade ocidental muitas vezes assume que as mães não só podem assumir a responsabilidade pela maioria das tarefas domésticas, mas também podem realizar trabalho remunerado. Mesmo com a participação significativa das mulheres no mercado de trabalho, persiste a expectativa padrão de que as mulheres fornecerão trabalho não remunerado para atender às necessidades familiares e comunitárias.
Maternidade e Vida Profissional: Um Equilíbrio Inatingível?
Mulheres que desejam conciliar maternidade e carreira enfrentam uma carga de trabalho significativa. A sociedade espera muito delas, e embora tenham alguma influência na distribuição do trabalho não remunerado quando em parceria, encontram-se impotentes diante das pressões sistêmicas, como estigma no local de trabalho e desigualdade salarial.
Desafios Sob o Capitalismo: A Exploração do Trabalho Não Remunerado
O sistema capitalista se apoia no trabalho não remunerado das mulheres. Mesmo com a evolução da seguridade social, a expectativa persiste, e as mulheres se encontram fazendo malabarismos para preencher lacunas no trabalho, seja remunerado ou não. A ideia sexista e heterossexista do provedor masculino ainda está arraigada em nossas instituições, incentivando as mulheres a desempenharem dois papéis para compensar as lacunas de mão de obra.
A Abordagem de "Lean In": Uma Análise Crítica
A abordagem "Lean In," que coloca a responsabilidade do sucesso individual nas escolhas e esforços pessoais, reflete a valorização suprema da individualidade na sociedade. Embora razoável dentro desse contexto, essa abordagem é, no entanto, prejudicial. A igualdade de gênero não deve ser reduzida a escolhas individuais, criando condições para a escrutinização das decisões de trabalho e família das mulheres.
Lacuna entre Mães de Alta Renda e Trabalhadoras de Colarinho Azul
A capacidade de pagar por serviços de cuidado infantil torna mais fácil para algumas mulheres focarem em suas carreiras, mas essa não é uma realidade para todas. A acessibilidade, qualidade e inclusividade do cuidado infantil são fundamentais para diminuir as disparidades sociais. É imperativo que reconheçamos o cuidado infantil como um investimento valioso e essencial.
Conclusão: Rumo a uma Mudança Transformadora
O caminho para a equidade de gênero e para aliviar as pressões sobre as mães malabaristas envolve a luta por semanas de trabalho mais curtas, cuidados infantis acessíveis e equidade salarial. Em vez de buscar "ter tudo," devemos buscar um equilíbrio realista, especialmente conscientes das dificuldades enfrentadas por mulheres de diferentes origens. A solidariedade e a aliança entre gêneros e raças são essenciais para transformar a organização do trabalho e da vida familiar.
Lutemos juntos por um futuro onde as mães não sejam mais sobrecarregadas, e sim apoiadas por uma sociedade que valoriza verdadeiramente o trabalho e as contribuições de todas as mulheres.